Eu só tenho vinte anos, mas a vida me parece uma sucessão de erros e não de conquistas, porque as conquistas são tão poucas comparadas aos erros, que são tantos e todos os dias. Eu gostaria de poder fugir pra uma praia onde não houvessem preocupações. Eu gostaria de ser escritora. Antropóloga, arqueóloga, feliz. Eu descobri que eu não quero ter sucesso e poder esfregar ele na cara das pessoas, eu descobri que eu quero ser feliz e livre. E que eu gosto do inverno, mas que o inverno dentro das pessoas é a coisa mais triste do mundo. E que eu quero poder sentir o sol na minha pele todos os dias. Dormir todos os dias pelo menos dez horas, comer bem, e ter amigos. Quero ser eu mesma e parar de ser miserável para preservar pessoas a minha volta que nem sabem quem eu sou. Eu decidi ser feliz, sem mais. E esse corpo é meu, e a consciência é minha, e ninguém pode pregar sobre moralidade pra mim, porque eu simplesmente não vou ouvir. E depois que eu descobri que amor não é sofrimento, e que o coração de uma mulher é um oceano de mistérios, mas antes só do que mal acompanhada, agora sei que eu sou livre, e que da minha vida quem sabe sou eu.