sábado, 14 de agosto de 2010

Close your eyes and don't look, will be easier this way


Continue sem olhar, me desculpe, minha mão está gelada moça, vou passar o álcool, pode ser que arda por o seu braço já estar machucado, feche o punho com força, pra eu poder achar suas veias. Respire fundo, não se mova, se a agulha atravessar o vazo, você vai sentir muita dor. Você vai sentir a agulha entrar mas vai ser só uma picadinha, dessa vez eu escolhi uma agulha mais fina para você não sentir tanta dor se o remédio vazar. Mas você vai ter que ficar de olhos fechados muito tempo moça, porque o processo vai ser demorado. Tente não tremer, eu sei que está frio e você está sem blusa, mas não faça movimentos bruscos. Ei, você atrás de mim, eu estou de olhos fechados mas eu posso te sentir perto da minha nuca. O homem diz, e eu finjo que escuto atentamente tudo que ele fala durante a hora que eu tenho que ficar sentada nessa cadeira escolar improvisada no hospital. Eu penso em você, e como é difícil respirar perto de você e ao mesmo tempo eu me sinto tão bem, tão confortável, tão em casa, e tão completa. O tempo vai passar, e eu vou parar de sentir o vento nas minhas costas. mas ainda vou sentir as pessoas a minha volta. Moça, porque você está chorando? Está ardendo muito, eu atravessei outro vazo, ou a dor de cabeça aumentou? Vou tirar a agulha, sua febre está muito alta, você vai ter uma convulsão. Olhe nos meus olhos moça. Moça? E a bola de luz vem de novo tomar conta da minha vista e eu caio nos seus braços. Me abrace, e cruze seus dedos nos meus, quero mexer no seu cabelo, gosto tanto de você. Porque você tem que fazer isso comigo, não me deixe aqui sozinha. Não me obrigue a dizer que te odeio. Não quero. Ei, tire as mãos de mim, você não é você. Ai me desculpe, eu me sinto quente, minha cabeça está tão pesada, parece que está tudo pegando fogo, me façam dormir, coloquem algumas gramas disso no soro, não quero acordar de novo. Quero voltar a sonhar com o cheiro dele no meu corpo.